LITERATURA PORTUGUESA


Em 1940, surge uma nova fase no Modernismo português. Esta fase é comumente chamada de:


  Neorrealismo.


  Neossimbolismo.


  Neorromantismo.


  Neomodernismo.


  Geração de 45.

Num bairro moderno

Dez horas da manhã; os transparentes

Matizam uma casa apalaçada; Pelos jardins estancam-se os

nascentes, E fere a vista, com brancuras

quentes, A larga rua macadamizada.

Rez-de-chaussée repousam sossegados,

Abriram-se, nalguns, as persianas,

E dum ou doutro, em quartos estucados,

Ou entre a rama dos papéis pintados,

Reluzem, num almôço, as porcelanas. Como é saudável ter o seu

conchêgo, E sua vida fácil! Eu descia,

Sem muita pressa, para o meu emprêgo,

Aonde agora quase sempre chego Com as tonturas duma apoplexia.

(...)

A leitura dessas estrofes de Cesário Verde permite a seguinte análise:


a objetividade desse poeta é fotográfica, por isso mesmo altamente comprometida com o ideário positivista em voga no tempo.


a subjetividade do “eu lírico” é permeada por profunda emoção – um resquício da estética romântica que entra em contradição com o ideário realista que o poeta abraçou.


na abordagem do real, o “eu lírico” comporta-se como um observador frio e impessoal das pessoas e das coisas, conforme determinavam os postulados do Realismo.


a postura assumida é eminentemente expressionista, na medida em que esse poeta deforma o real, seguindo os pressupostos do ideário naturalista.


a subjetividade desse poeta emana diretamente da observação do real, que lhe ativa as sensações, levando-o a promover juízos de valor.

Quando, Lídia, vier o nosso outono 
Com o inverno que há nele, reservemos 
Um pensamento, não para a futura 
Primavera, que é de outrem, 
Nem para o estio, de quem somos mortos, 
Senão para o que fica do que passa 
O amarelo atual que as folhas vivem 
E as torna diferentes. 

 (Ricardo Reis)

 

Assinale a alternativa correta sobre o texto acima:


não chegaremos vivos até a primavera.


só a vivência de cada momento presente merece lembrança futura.


cada verão, marcando o início do ano, marca também a esperança de uma nova vida para nós.


não há como impedir o fatal ciclo solar das estações.


para as folhas há cores mais atuais e outras mais antiquadas.

Leia com atenção o poema abaixo:

 

 

Transforma-se o amador na cousa amada,

por virtude do muito imaginar;

não tenho, logo, mais que desejar,

pois em mi tenho a parte desejada.

 

Se nela está minha alma transformada,

que mais deseja o corpo de alcançar?

Em si somente pode descansar,

pois consigo tal alma está liada.

 

Mas essa linda e pura semideia,

que, como um acidente em seu sujeito,

assi com a alma minha se conforma,

 

está no pensamento como idea:

 o vivo e puro amor de que sou feito,

como a matéria simples busca a forma.

(AZEVEDO FILHO, Leodegácio A (Seleção). Os melhores poemas de Luís de Camões. 4ed. São Paulo: Global, 2001, p.35)

 

 

 

Com base na leitura do poema e seus conhecimentos sobre Camões, assinale e alternativa INCORRETA:

 

 


a estrutura filosófica é também percebida pela própria engenharia do texto, por exemplo, o primeiro verso é uma tese, explicada no segundo. O terceiro verso é uma exemplificação do postulado do primeiro. O quarto verso é uma explicação/justificação do que está exposto no anterior.


no texto acima o poeta não apenas confessa seus sentimentos, há uma análise, um filosofar sobre eles, o que possibilita caracterizar seu lirismo como reflexivo.


observa-se neste poema a descrição fiel da realidade vivida por Camões.


predomina no poema um amplo jogo de raciocínio, revelado por conectivos ou articuladores que revelam um caminhar lógico de pensamento, como “por virtude”, “logo”, “pois”, “se”.


é encontrado no conjunto do texto o uso de uma primeira pessoa que não compromete o ideal de universalismo tão cobrado em sua escola literária, o Classicismo. Ou seja, o que é apresentado nos terceiro e quarto versos (o eu-lírico não deseja a amada) é exemplificação da tese exposta no primeiro verso.

Leia O conto da ilha desconhecida, de José Saramago (http://alfredo-braga.pro.br/biblioteca/ilhadesconhecida.html).

 

O desfecho o conto, revela que na relação entre o homem do barco e a mulher da limpeza há:


dependência da mulher.


superioridade da mulher.


aspereza do homem.


desequilíbrio entre ambos.


complementaridade entre ambos.

Relacione os fragmentos a seguir de acordo com as características dos heterônimos de Fernando Pessoa:

I.  “(...) Mas serenamente imita o Olímpo no teu coração. Os deuses são deuses porque não se pensam".

II.  “(...) Começo a conhecer-me. Não existo. Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram, ou metade desse intervalo, porque também há vida... Sou isso, enfim (...)".

III.  “(...) Eu não tenho filosofia: tenho sentidos... Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é, mas porque a amo, e amo-a por isso, porque quem ama nunca sabe o que ama,  nem sabe por que ama, nem o que é amar... Amar é a eterna inocência, e a única inocência não pensar..."

 

( ) Álvaro de Campos.

( ) Alberto Caeiro.

( ) Ricardo Reis.


A sequência correta é:


I, III, e II.


III, I e II.


I, II e III.


II , I e III.


II, III e I.

Já a tarde caía quando recolhemos muito lentamente. E toda essa adorável paz do céu, realmente celestial, e dos campos, onde cada folhinha conservava uma quietação contemplativa, na luz docemente desmaiada, pousando sobre as coisas com um liso e leve afago, penetrava tão profundamente Jacinto, que eu o senti, no silêncio em que caíramos, suspirar de puro alívio. Depois, muito gravemente: Tu dizes que na Natureza não há pensamento... Outra vez! Olha que maçada! Eu... Mas é por estar nela suprimido o pensamento que lhe está poupado o sofrimento! Nós, desgraçados, não podemos suprimir o pensamento, mas certamente o podemos disciplinar e impedir que ele se estonteie e se esfalfe, como na fornalha das cidades, ideando gozos que nunca se realizam, aspirando a certezas que nunca se atingem!... E é o que aconselham estas colinas e estas árvores à nossa alma, que vela e se agita que viva na paz de um sonho vago e nada apeteça, nada tema, contra nada se insurja, e deixe o mundo rolar, não esperando dele senão um rumor de harmonia, que a embale e lhe favoreça o dormir dentro da mão de Deus. Hem, não te parece, Zé Fernandes? Talvez. Mas é necessário então viver num mosteiro, com o temperamento de S. Bruno, ou ter cento e quarenta contos de renda e o desplante de certos Jacintos... (Eça de Queirós, A cidade e as serras)

 

Considerado no contexto de A cidade e as serras, o diálogo presente no fragmento revela que, nesse romance de Eça de Queirós, o elogio da natureza e da vida rural:


Demonstra que a consciência ecológica do escritor já era desenvolvida o bastante para fazê-lo rejeitar, ao longo de toda a narrativa, as intervenções humanas no meio natural.


 Serve de pretexto para que o escritor critique, sob certos aspectos, os efeitos da revolução industrial e da urbanização acelerada que se  haviam processado em Portugal nos primeiros anos do Século XIX.


Veicula uma sátira radical da religião, embora o escritor simule conservar, até certo ponto, a veneração pela Igreja Católica que manifestara em seus primeiros romances. 


Indica que o escritor, em sua última fase, abandonara o Realismo em favor do Naturalismo, privilegiando, de certo modo, a observação da natureza em detrimento da crítica social.


Guarda aspectos conservadores, predominantemente voltados para a estabilidade social, embora o escritor mantenha, em certa medida, a prática da ironia que o caracteriza.

Procuro despir-me do que aprendi, 
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram, 
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, 
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras, 
Desembrulhar-me e ser eu, não (...) , 
Mas um animal humano que a Natureza produziu. 

No trecho acima, de auto-explicação de um poeta cuja marca é o desejo de libertação da carga civilizatória, procurando conscientemente a espontaneidade através do contato direto com a natureza (forma de “redescobrir o mundo”). Do  quinto verso foi retirado o nome do poeta  e substituído por (...).

Ela deve ser preenchida por:

 


Alberto Caeiro.


Álvaro de Campos.


Ricardo Reis.


Fernando Pessoa.


Mário de Sá-Carneiro.

Os principais autores ligados ao Neorrealismo em Portugal são:

 


Alves Redol, Soeiro Pereira Gomes, Manuel Fonseca, Carlos Oliveira e Fernando Namora.


Alves Redol, Soeiro Pereira Gomes, José Regio, Carlos Oliveira e Mário de Sá-Carneiro.


José Régio, Soeiro Pereira Gomes, Manuel Fonseca, Carlos Oliveira e Fernando Pessoa.


Alves Redol, Eça de Queirós, Manuel Fonseca, Bocage e Fernando Namora.


José Régio, Alves Redol, Manuel Fonseca, Carlos Oliveira e Fernando Namora.

Com base em seus estudos sobre Fernando Pessoa e seus heterônimos, assinale a alternativa correta:


Assinale a alternativa correta:Pessoa criou quatro heterônimos: Caeiro, Reis, Campos e o ortônimo.


O ortônimo carrega várias marcas biográficas de Pessoa.


Pessoa criou três ortônimos: Reis, Caeiro e Campos.


Álvaro de Campos foi marinheiro em sua vida. Daí a constante presença do saudosismo em sua poesia.


Pessoa criou três heterônimos, porém há notícias de que ele tenha inventado dezenas de outros.

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